o fim de um ano ou de mais um ano?

o fim de um ano ou de mais um ano?

série fim de ano


Mais um fim de ano? Mais um se for empilhado na prateleira empoeirada, mas por outro lado é um novo e inédito, até então inexistente, apesar do vocabulário, rituais e programações remeterem a lembranças de outras viradas. Um fim que lembra um pôr do sol, que muitos podem pensar que é a mesma coisa todos os dias, mas não, talvez a pessoa que enxerga pode ser a mesma ao olhar para o viver, e, por isso, entende que a experiência seja a mesma, que não deixa de ser incoerente no ponto de vista da natureza que é mudança, sempre, apesar do aparente visual constante. Um ano que finaliza como a noite que chega todos os dias, e diariamente somos convidados a viver essa mudança, essa oportunidade de refletir como muitos refletem nessa virada.

A novidade pode não parecer tão nova assim se for vista com os mesmos olhos de cada dia. Caso for, os dias e anos serão iguais se vivenciados por quem só enxerga o que quer ver. Todavia e felizmente, a visão do horizonte não contempla somente o universo do desejo, ela mostra o que é, além dos desejos e das vontades. Se mostra crua e nua com todas suas imperfeições. Tal visão é também quem a enxerga, é sentida e vivida pela história dos olhos que a contempla; é interpretada e vestida com as emoções e sentimentos do corpo que se coloca diante, portanto, é subjetiva, porém, não somente tão particular e única, é também vivida de forma compartilhada, pois se complementa e se expande a partir de outras vidas que a enxergam e que a fornecem vida. Pode parecer clichê, mas o fim anuncia sempre um novo começo e, portanto, o começo procede sempre de um fim. Ambos inevitavelmente ligados e necessários que variam em suas amplitudes, desde um minuto até uma vida. Se formos pensar em um novo ano, que seja notado, primeiramente, aquele que interpreta dessa forma. Se este observar da mesma maneira que sempre enxergou, o novo será o mesmo novo de todos os novos que já apareceram, sendo, portanto, somente mais um para a coleção. Mas caso seja observado por olhos entregues ao desconhecido, submetidos as mudanças de uma atitude consciente, é possível que o ano seja vivido de maneira mais autêntica, e menos repetitiva.

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