Antes de iniciar esta viagem, lembre-se

 


Antes de um último abraço de despedida
Para a vida que ali aguarda ser vivida
Queria reforçar que você se lembre
Em sonhos, você terá uma sutil intuição
Mergulhe, e verá algo por trás desse filme

Finalmente, acordar com um suspiro inesperado
Uma sensação atípica de um sonho estranho
E agora todos os passos viraram um show
Um silencioso e solitário espetáculo
Com luzes, sentimentos e pessoas
Movimentos, danças e músicas que percorriam diversos lugares do mundo
Uma corrida emocionante que, ao pausar por um momento
Se ouve silenciosamente um coração bater
Percebe o fluxo do sangue
E uma respiração que, aos poucos, se recupera

Se vê agora, uma ligeira lembrança
A recordação se dá aos poucos
No mesmo ritmo que a respiração acalma
Essa festa é o evento que se apresenta
E eu, resolvi participar integralmente
E vê novamente tudo isso, como estivesse lá, numa ilha

Tudo acontecendo lá, mas é possível ouvir o som do oceano
Há ondas e correntes de ventos
Outros seres nadam para continentes e ilhas
Percorrem canais e lagos
Da mesma forma do fluxo sanguíneo

É isso, não se esqueça, que tudo é nesta ilha
Essa intuição veio do sonho no qual mergulhei
Antes de uma última despedida, alguém reforçou
Que se viva, mas não esqueça, que isso é uma ilha
Tudo acontece e nela se recicla, se recria
A areia, as rochas, as plantas

Não é o fim nem o começo
É uma caminhada que segue
Cada instante, uma paisagem
Pela noite, um sonho lúcido
E no dia, cego pela luz que ilumina as montanhas

Antes do abraço, não poderia esquecer
De que isso é uma cachoeira 
Todos os nomes, títulos, objetos e posses
Parece tão claro essa fixação
Mas, de outro ângulo, é engraçado
É a prova de que esquecemos
Seguimos como se fosse tudo tão esplêndido

De fato, o nascer do sol é belíssimo
Mas não para se colocar no bolso
Para viver aquele momento sabendo que, após alguns instantes, não vai mais existir
E sem a certeza de que irá se repetir
Pois ali, só existe isso enquanto dura

Se a permanência permanecesse
O que seriam das memórias daqueles momentos tão únicos e impossíveis de se repetirem
Eles não podem se repetir por que não foram aguardados
Vieram uma vez, nasceram e se foram
A memória dá certa vida, mesmo que sutil e ligeira
E tão pequena, mas o suficiente para encher o copo

Um sonho disse para ir e ser o que tiver que ser
E antes de viver todo este evento
Um pouco antes de embarcar neste navio
Para ser todo este grão de areia
Surgiu um apelo para se lembrar de tudo
Como um mantra que as vezes refresca

Cuidado com todo este peso
A gravidade pode até pesar
Mas, a cada dia, são oferecidas chances para se lembrar
Um luar e um amanhecer
Às vezes que se fecha o olho e,
Nada se vê de um lado
Do outro, o universo, além da ilha. 

Por alguns momentos, por favor, fique boiando na água
Silencie para, enfim, ouvir
Pare para, enfim, começar
Uma visão necessária, que deixa a água potável
E faz com que tudo e todos se transformem

Então vá, o navio já deu seu último aviso
Quando acalmar, se lembre nos sonhos 
Acredite nas sutilezas
Nessas pequeninas moléculas, há tudo o que precisa
Cuidado com a gravidade, lembre-se
Seu peso é mais leve que um sopro
Como um dente-de-leão

Nos vemos.


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