O Labirinto

Um passo para trás antes de entrar, e contemplar o que ainda é conhecido. Um último suspiro antes de se perder dentro de uma harmônica, geométrica e caótica dimensão de escolhas.

Ainda há um pouco de luz, mas algo no fundo chama para entrar numa escuridão passiva, um vento que empurra para perto dos portões do desconhecido, em rumo ao lugar que ainda não existe.



Esse vento, é bom que refresca ao ponto de congelar. Junto de suas pequenas e invisíveis partículas, ele forma em volta de si o anel de júpiter, na qual age a gravidade. 

Na sua ligeira poeira cósmica, carrega um som que fica se repetindo, frase por frase, incansavelmente, é o convite para se perder.




Perder o que se sabe, assumir a pequenez e o desconhecido sem controle. Entrar no labirinto e começar a viver.

Talvez o senso de grandeza ainda fique incomodado por não encontrar um provável troféu no centro desta dimensão enrolada.

Mas se e afunda cada vez mais em laços afluentes, em raios luminosos e profundas raízes.


Até que se permita que a gravidade se faça presente, e entrega-se às mesmas forças que são geradas na colisão de estrelas.

O Labirinto é um perfeito caos, é uma beleza intrigante, um desconforto esplendoroso.

Em certo ponto, o trajeto se faz esquecer do seu início, e o fim não é mais uma meta, mas enquanto se perde, também se encontra caminhos.

O labirinto se apresenta, nem sempre educadamente, nem sempre visivelmente. 

A manifestação não é prevista, mas quando se dá conta, está diante do enorme portão, que se abre delicadamente, exalando um aroma que lembra uma padaria, de que algo está sendo preparado, mas ainda não está sendo ofertado.

Por inocência, curiosidade, impulsividade, ou talvez, por um inexplicável ato de coragem de um covarde, se faz presente, e vai. O labirinto se cria e se recria. Inconstante e imprevisível, e para cada ser, um caminho sem cópias. 


***

-Thanks to Brandon Morgan, Omar Ram, Rafif Prawira and USGS.gov for sharing their amazing picture on Unsplash.

-Música: Tony Anderson - Oyarsa e Rachel's Song - Blade Runner

#reflexão #pensamento #poesia #tonyanderson #rachelssong 


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