Poetise-se na Poesia Poética

Não tome remédio

Por mais que a intenção vá no caminho de quebrar o direito da sua subjetiva e questionável liberdade de ação

Digo perante Rei Arthur para não puxar esta espada encravada na perna, não seja rei por título e será escravo dos outros

Digo, além do mais, tome poesia, o remédio de toda humanidade

Mas não que necessariamente conforte, mas confronte

Sutileza nas palavras, mas um grande passo no significado

Tome aquele poema que colocam um pouco no copo, que não tenha litros de páginas

Mas um texto que brilha quando é noite, que durante a leitura desce com o teor de cada emoção

Beba as palavras, desfrute do impacto pois elas farão parte do ser

Inevitavelmente o ser será incorporado pelas estrelas que brilham no texto

Não haverá mais distinção, essa unidade é esse sentimento que sente quando boia no meio do pacífico

E onde estou, talvez pergunte. E qual o sentido de saber quando se olha pela lupa do universo

Está no meio do universo, da galáxia, fisicamente insignificante e humanamente extraordinário

O pensamento permeia todo esse oceano, as estrelas, as possibilidades, os eventos, os olhares

Tome poesias, leve textos de construções e desconstruções, da poeira ao castelo

Mesmo placebo, as marés se movem e o dinamismo dá força para que a viagem seja uma experiência efervescente 

Avisos estão escritos que os efeitos colaterais são terrivelmente e espantosamente incríveis

Não só leva a cura física de algum excesso psicologicamente acumulado,

Mas vai além mostrando cores que irão gerar uma alta respiração e descrições indescritíveis

Um zoológico de borboletas toma conta por dentro, e as asas leva ao vôo

O efeito começa a acontecer, as palavras criam um furacão de ideias gerados por toda inspiração 

O corpo treme, o olho abre de maneira abrupta, o oxigênio parece aumentar, a pele arrepia como um gato

E aperta com toda força o que tiver por perto, perde o equilíbrio mas não quer se sentar

Olha para os lados mas a visão é em vão, e finalmente fecha os olhos fazendo brilhar esse novo amanhecer

As palavras estão fazendo finalmente efeito, a poesia gera a sensação orgástica e vulcânica da explosão de cores

Por mais que a descrição seja aparente agoniante, não se quer parar, não se deseja fugir, é a vida em um abraço caloroso

Está em algum lugar desse universo cheio de nuvens poéticas que fazem chover gotas de efeito molhado que gera frio e frescor frente a frenética física do corpo

Deitado em alguma nuvem do oceano das palavras e passando pelas ilhas subjetivas com textos recheados da expressão poética 

Onde estão estes lugares, nada lá fora

Por dentro se vivencia todo esse fermento borbulhante das borboletas que não param conforme o olho massageia um agridoce poema 

Uma relação textual, intensa, ardente e profunda. Daí se pari a vida, a arte, a expressão da vida, o eco que responde

Uma homenagem também à todos os olhares que, naquele profundo silêncio, disse mais de mil anos de música e vida

As vezes, num dejá-vù nostálgico, como em uma aurora boreal, é possível enxergar um milênio inteiro de história divididas em duas íris 

Não se ousa questionar os motivos pelos quais aquilo acontece, mas como uma reverência, apenas se vive

Da mesma forma que após uma dose de remédios poéticos, se desconstrói no universo e é colocado para planar no atlântico afirmando sua parte conjunta nesse finito infinito

Não há mais roupas para esconder sua constelação de milhões de luzes, a relação textual é acentuada perante tudo

O poema é o remédio não para ter objetivo de curar algo e após isso esperar a próxima situação para tomar novamente

É a própria expressão e voz que a vida sente sede em exclamar para que seja o que quer que seja

É essa forma humana e as vezes não-humana de sentirmos e vermos o que não é visível, enxergar o indescritível e erguer templos poéticos da expressão artística humana