O incompreensível e infinito momento



De longe se aproxima um fenômeno desconhecido

Um ar um tanto nostálgico mas diferente de tudo que já apareceu
Estranheza quando me coloco no olho dessa ventania
Tento compreender, mas o incompreensível logo surge

E de mãos dados com o desconhecido, conversamos
Assuntos que vão das estrelas até nossos olhos
Esqueci que o céu é infinito

Mas me lembrei quando fomos um pouco mais além

Uma conexão inédita, o que será que pode acontecer
O inesperado troca olhares com o desconhecido
O mistério janta à luz de velas com o futuro
E o presente cava sobre eles para se redescobrir 

Ligações são criadas, cores jogadas
Combinações feitas, possibilidades a mil
Um oceano para navegar
Terra a vista, um solo que cresce árvores gigantescas, uma nova cultura

Um oxigênio incrível que entra nos pulmões
Isso gera constantes transformações e mutações
Incomparável e inusitado, é isso, a luz se faz
Uma experiência nova em toda sua totalidade

Até troquei as roupas, pisei em solo vermelho
Parece que aqui a gravidade é outra
É tudo leve, e consigo quase voar no ar
Ouça, que música é essa que faz o vento soprar

Tudo fica tão transparente, como se tudo fizesse parte de tudo
Pobre mente ainda questiona como tanta beleza se faz existir
Tenta compreender o que só se pode sentir
Até que se renda, e não diga mais nada

Pule para dentro do mar, sinta por um segundo o tamanho do oceano
Toda vida que lá habita, todos os mistérios e belezas
Agora pule para dentro de você
Vá nessa viagem galáctica, anos luz a frente

Essa experiência é exatamente fruto de uma viagem pelo universo dessa dimensão
Se fez presente agora nessa dimensão atemporal
Esse momento que tudo acontece vai além dos sonhos e das realidades
É esse silêncio, o olhar, o toque, a circulação do ar, a relação interconectada 

Não detenho de meios que possam expressar a sensação de algo ilimitado
Queria só te dizer que o infinito não pode se materializar aqui
Mas esse momento talvez seja uma mensagem dele dizendo para se lembrar
Um lembrança sutil, que cai como uma pena, e impacta como um meteoro

Se eu pudesse, te daria uma caixinha com um pedaço do universo
Para você olhar todas as estrelas, toda poeira estrelar
E inspirar as constelações, as cores, a criação, as vidas
E expirar esse momento incompreensível que aqui habita entre poucos centímetros

Que outra forma de gratidão existe à altura 
Que outro meio posso demonstrar e responder à essa ventania que circunda
Que outro jeito posso dizer sobre tudo isso que existe dentro e fora
Palavras, tenho sempre sede de dizer muito mais que elas expressam

Nem falando em todos os idiomas, línguas e dialetos consigo dizer
Mas tudo bem, isso não pode ser dito no som
Pois a beleza se encontra no vácuo silencioso do universo
É o som da lágrima caindo, do abraço apertado

Não preciso dizer mais nada
Que todas essas palavras sejam convertidas num segundo de momento

Para sentir como é um oceano, uma floresta, um planeta, uma vida
Que o céu reserve um ponto brilhante especial para simbolizar o encontro

No final, como sempre, fico sem palavras, as mesmas que uso como cores para pintar esse quadro
É sempre o silêncio do olhar que prevalece, aquele olhar abismado para o céu
Aquela sensação de enxergar trilhões de estrelas num show de luzes

E isso se faz presente, nesse momento incompreensivelmente maravilhoso





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