Moça, você é esse vento fresco do verão

Moça,

Veja bem, ou melhor, não veja, ouça, ou melhor ainda, não ouça, sinta, capte o sinal.

Você é vento fresco de uma tarde quente de verão
Esse copo gelado em um deserto
Esse alívio de enxergar um oásis sobre o sol escaldante 

Caro ser,

Você é essa garrafa cheia
Ao beber uma leve dose, cai no seu precipício
Sabor intenso que massageia o corpo como uma cachoeira
Perdi a gravidade e planei sobre o vácuo do seu universo

Fiquei bêbado com o teor
As palavras já não se ligavam, estava uma bagunça generalizada
Que não haja mais palavras então, está decretado 
Agora o silêncio entra em cena para fazer o papel mais importante




Não ouça mais nada
Não importa se falamos em idiomas diferentes
O importante é que a vibração energética e cósmica das palavras cheguem até suas montanhas e façam com que as árvores se mecham com o vento que refresca alguém que caminha entre as trilhas em busca de uma forte brisa provinda dos confins do universo.

Agora você sabe
Da mesma forma que o sol não diz nada, mas esquenta
Sinta minhas palavras, vista-as, beba-as, respire-as, toque nelas, sinta a textura
Dance com elas, com certeza vão te levar em uma viagem de ida

Quanto tempo mais temos?
Não pode ser que temos somente esta vida
Já imaginei nossos reencontros em diferentes idades e lugares
Agora só temos que levantar a âncora e partir viagem
Em rumo ao desconhecido



Olhe para a lua
Essas são as palavras que brilham sobre sua janela
São essas mesmas que alteram as marés e provocam ondas
Exatamente para ouvi-las quebrarem na água
E que isso se torne um mantra para meditar e viajar

Como descrever o abraço de um olhar
Sua suavidade em cada detalhe, é incrível este mirante
Não quero fotos, mas sim apreciar esse momento que pode durar o infinito 
Você é isso tudo, uma garrafa gelada, um frescor de hortelã, uma viagem

Gostaria que sua consciência sentisse a fragrância que essas palavras criaram
Sinta agora, sopro em sua direção aproveitando a rajada do vento
Te envolve, entrelaça, te veste e abraça
Que seja a pluma que amacie seus sonhos



E você sorri com um gesto inocente e espontâneo 
Acho que te bebi demais, tudo está girando
Cada olhar é uma dose e não tiro os olhos dessa vista

Moça, seja do planeta e da constelação que for
Você é essa chuva de meteoro, essa aurora boreal
Isso que é verbalmente inexplicável mas persisto mesmo assim

Declaro essas palavras e sopro-as para seus sonhos
Que agora você acorde com um déjà-vu diferente
Que desperta algo bom mas não sabe bem o que é
Mas no fundo sabe que é uma rajada de vento vinda das montanhas

As montanhas, as mesmas que me inspiraram 
E que formam essa orquestra de palavras musicais



Você é isso tudo e mais um pouco
Podemos resumir tudo em um simples olhar
Mas se for preciso, eu direi novamente
Em voz alta com o universo de testemunha

Que você é essa estação
O vento fresco de verão
A lareira de inverno
Uma bela flor de primavera
E todas as lindas folhas de outono

Se tivesse vários braços, seria uma salvas de palmas
Mas tenho apenas um par de mãos
Será uma palma da mão que encosta em seu rosto
E lhe diz que é a vista mais bonita que eu já vi